sábado, 21 de outubro de 2017

Mundo dos Animais



Os animais não são mobília. Não são brinquedos, objetos descartáveis ou decoração velha. Os animais não se podem deitar fora quando já não precisamos deles, quando nos estão a incomodar ou quando se tornam um peso que não previmos. 
Todo o ambiente que rodeia um animal o afeta emocionalmente (e fisicamente), pelo que é preciso ter um grande cuidado, respeito e consideração por eles. Pela vida deles.
No entanto acabam abandonados, todos os dias aparecem novos casos. Em Portugal, foram abandonados 30 mil animais só em 2013, um número que duplicou em cinco anos. O Brasil tem mais de 30 milhões de animais abandonados, com um aumento de abandonos que chega aos 70% durante as férias.
Os números são explícitos e falam por si próprios, mas a pergunta que fica é… como é possível abandonar assim os animais?
No Mundo dos Animais procuramos sempre abordar de uma forma moderada o conceito de amigo dos animais. Não fazemos comparações, por exemplo, o valor de uma vida humana ao valor da vida de um animal ( e muito menos entramos pela misantropia).
Mas a ciência tem comprovado o que o bom senso há muitos nos dizia através das palavras de Jeremy Bentham – Não importa se os animais são incapazes ou não de pensar. O que importa é que são capazes de sofrer.
Nesta página vamos abordar várias questões relacionadas com o abandono, em especial durante as férias que é o período em que os números disparam por completo, bem como as formas de o prevenir.
Já ouviu certamente dizer que a prevenção é o melhor remédio e neste caso, não é diferente.
O abandono combate-se não abandonando. Demasiado óbvio e mais fácil escrever do que concretizar, seguramente.
Contudo, o planejamento (antes) e a mentalidade correta na relação com os animais (durante) podem ser a chave que tanto desejamos encontrar para resolver este flagelo da nossa sociedade (depois). Um flagelo que nos deveria deixar envergonhados enquanto animais racionais e espécie civilizada.
Temos as armas para o fazer.
Os animais sentem e sofrem em medidas muito iguais a nós próprios: o que lhe dói a si, também dói a eles e isso aplica-se tanto a um pontapé (físico), como ao sentimento da solidão (emocional), como à agonia da não ter o que comer (sobrevivência).




Os animais são todos os anos vistos como um problema quando as famílias planeiam as suas férias. Os canis ficam superlotados e a grande maioria dos animais que neles são recolhidos acabam eutanasiados em poucos dias.
Morrem.
Embora nem só as férias sirvam de pretexto para abandonar um animal, uma larga percentagem dos abandonos poderia ser evitada com um pouco de conscientização e planejamento.

Antes de adotar ou comprar um animal, pense duas vezes. Ou três.

Antes de decidir adotar ou comprar um animal, deve colocar em cima da mesa, com a sua família (ou quem mais viva na mesma casa), todos os cenários possíveis.



Para começar, as questões financeiras. Sobretudo nos dias que correm, com a crises econômica a preencher as primeiras páginas dos jornais, esta tem de ser uma questão da máxima prioridade na hora de decidir avançar para a adoção de um animal.
Cães e gatos necessitam de alimentação diária e cuidados veterinários imprescindíveis como a vacinação e desparasitação, já para não falar de problemas de saúde e acidentes, que surgem sem avisar e cujos tratamentos são dispendiosos.
É importante avaliar a estabilidade financeira e o impacto no orçamento que um animal pode causar. Aquele pensamento comum de onde comem três também comem quatro pode revelar-se perigoso.
As férias, como já se viu, devem merecer uma atenção muito especial. Não deve deixar esse assunto para um depois vê-se, pois é meio caminho andado para não se ver nada de bom.
Se o seu animal vai ser um fardo quando quiser fazer as férias, a atitude mais sensata é não o comprar nem o adotar. Se quer mesmo ter um animal, então pense antecipadamente num plano para deixar o animal em boas mãos, ou então escolher destinos de férias que aceitem animais e assim levá-lo junto.
Se adquirir um cão de raça pura, pode precaver-se escolhendo um cão de caça pequeno. Se estiver a adotar um cão sem raça definida e que ainda não seja adulto, pode crescer mais do que está à espera.
A verdade é que muitas vezes os animais são abandonados por terem ficado grandes demais. Contacte um responsável ou voluntário em qualquer associação e protetora de animais e certamente terão casos destes para lhe contar.

Ter um animal não é um direito, mas sim um luxo, que exige disponibilidade financeira, tempo livre, trabalho, preocupações e muita, muita responsabilidade.
É um ser vivo que tem direitos constituídos, que tem sentimentos, que se afeiçoa aos seus donos.
Mas é também um ser irracional, que não compreende o porquê de ser feliz durante alguns meses e depois ser despejado na rua, sem condições, sozinhos e praticamente condenado.
Ninguém deve comprar ou adotar um animal, caso não tenha condições para ficar com ele e dar-lhe os cuidados básicos, até ao fim da sua longevidade natural.
E se gosta mesmo de animais ou pretende ajudar os animais abandonados, mas não tem condições para ficar com eles definitivamente, torne-se voluntário numa associação ou ofereça-se como FAT (Família de Acolhimento Temporário).
A responsabilidade e a noção do que se pode ter ou não ter, é muito importante em toda a nossa vida.
E não abandone nunca, evidentemente.
O seu animal não merece ficar sozinho à mercê da (pouca) sorte.
Tendo em conta as diversas opções disponíveis, a nível de serviços ou mesmo alguma criatividade pessoal, não existe qualquer justificação para abandonar os animais durante as férias, seja qual for a situação.
Se prefere deixar o seu animal ao cuidado de outrem enquanto vai de férias, existem hotéis e serviços de pet-sitting que tomam conta do seu animal e lhe proporcionam todos os cuidados necessários.
É falsa a ideia de que um animal, se for abandonado, consegue desenrascar-se.
Também é falsa a ideia de que alguém vai pegar no animal e levá-lo para sua casa. Não conte com isso.
Não se pode socorrer da ideia do instinto selvagem pois se temos cães e gatos em casa, é precisamente porque estes foram domesticados. Serem fisicamente parecidos com os seus parentes selvagens não faz deles animais selvagens.
A escassez de alimento, de água, de abrigo e de segurança, deixa os animais com poucas hipóteses de sucesso. Já para não falar das doenças que podem contrair nas ruas e da reprodução, que leva ao nascimento de inúmeros animais sem teto.
No caso do alimento, é necessário compreender que os instintos de caça praticamente não existem nos animais de estimação, sobretudo nos cães, pois foram habituados a receber a sua ração pronta e a horas sem necessidade de a procurar e lutar por ela.
Os inúmeros animais recolhidos nas ruas em estado grave de subnutrição comprovam esta ideia. Alguns chegam a impressionar pelo seu aspecto físico debilitado, agonizados de fome, ficando difícil até salvar a vida do animal. A vida do animal.
Repetiremos isto vezes sem conta: não compre, não adote e não tenha animais em casa, se não tiver as condições para cuidar deles até ao fim da sua longevidade natural.
Você é a vida dos seus animais. 


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