Os retratos pessoais não existiam realmente na primeira parte da Idade
Média. Mas quando se tratava da vida dos santos, havia uma oportunidade de
analisar suas personalidades, ponderar as peculiaridades de um personagem como
Simeão Estilita, o eremita do século V que passou grande parte de sua vida no
alto de colunas cada vez mais altas, completamente nu, ou tomar conhecimento da
vida de Maria do Egito, a santa padroeira das mulheres decaídas. Maria foi uma
egípcia que saiu de casa aos doze anos. Foi viver na Alexandria do século V,
onde se tornou uma prostituta, durante dezessete anos. Pela curiosidade,
resolveu participar de uma peregrinação a Jerusalém, pagando a passagem com o oferecimento
de seu corpo aos marinheiros. Ao chegar à Cidade Santa, no entanto, junto com
os outros peregrinos, ela descobriu que era impossível entrar na igreja.
Sentiu-se contida por uma força invisível. Quando levantou os olhos para uma
imagem da Virgem Maria, ouviu uma voz lhe dizendo para atravessar o rio Jordão,
onde encontraria o repouso. Maria aparece com freqüência nas crônicas medievais
e imagens da Igreja.
As pessoas identificavam-se com as personalidades e sutilezas dos
santos, assim como sentem hoje que conhecem a fundo os astros e as estrelas das
novelas de televisão.
O santo de cada dia do mês apresentava seu próprio drama. Nos mosteiros,
as orações matutinas eram dedicadas às figuras sagradas daquele dia.
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