domingo, 6 de abril de 2014

A história da grande corrida pela vida (Parte 2)



O Mestre dos Mestres                              



            Muitos homens brilharam ao longo da história na arte de pensar. Sócrates foi um questionador do mundo. Platão foi um pesquisador das relações sócio-políticas. Hipócrates, pai da medicina, foi um investigador do corpo humano. Confúcio foi um filósofo da brandura. Moisés foi o grande mediador do processo de liberdade do povo de Israel. Maomé, em sua peregrinação profética, unificou um povo dividido e sem identidade, o povo árabe.
            Há muitos outros que expandiram o mundo das ideias no campo espiritual, sociológico, psicológico, como Tomás de Aquino, Agostinho, Hume, Kant, Descartes, Galileu, Rosseau, Marx, Newton, Gandhi, Einstein, etc. Tais homens semearam ideias, romperam conceitos, ampliaram horizontes.
            Houve um homem cujas ideias não apenas influenciaram gerações, mas causaram a maior evolução da história. O seu nascimento dividiu a história. Ele é o mais lido do mundo, embora não tenha escrito nenhuma palavra. Ele é o mais estudado, embora seja o mais cercado de mistérios. Inúmeras pessoas em todo o planeta se dividiram em milhares de religiões em torno do seu nome, mas às portas da morte ele rogava ao seus íntimos amigos que amassem uns aos outros em detrimento de suas diferenças.
            Grande parte dos cientistas o admira profundamente. Milhões de professores nutrem grande respeito por ele. Ele foi o mais excelente mestre da emoção. Tudo o que foi escrito até agora sobre o treinamento da emoção, ele viveu e praticou na plenitude.
            Por onde passou deixou todos atônitos. Seus inimigos não sabiam defini-lo. Ficavam perturbados com seus gestos e pensamentos.
            Seus amigos também não conseguiam descrevê-lo. Ele não lhes prometeu um céu sem tormentas nem um caminho sem turbulências.Suas palavras resgatavam o sentido da vida e seus gestos ensinavam-lhes a navegar no território da emoção.
            Muito do que você e eu pensamentos sobre a vida, as relações sociais, o respeito pelos direitos humanos e os mistérios da existência está ligado aos pensamentos que ele transmitiu. O mais ardente ateu, se analisá-lo destituído de preconceitos, ficará assombrado com seus pensamentos.
            Ele foi contra a lógica religiosa de sua época. Muitos líderes religiosos aguardavam seu nobre nascimento. Esperavam que alguém tão grande nascesse em um grande palácio e fosse educado aos pés dos homens mais cultos de sua época. Mas ele nasceu num estábulo.
            Rejeitou a escola dos cultos. Soube transitar pelo caos social, pelas dores, rejeições, com uma sabedoria fascinante. Não quis assentar-se num trono confortável e nem poupou sua vida de labores. Ocultou-se na pele de um carpinteiro.
            Enquanto o sol escaldante queimava o seu rosto e podia-se ouvir os estalidos do martelo, ele mapeava a alma humana. Ninguém foi tão longe em perceber os becos da alma e as vielas da emoção. Sua capacidade de interpretar o ser humano ultrapassava em muito a dos melhores pensadores da psicologia.
            Ele também foi contra a lógica política. Demonstrava possuir uma força que homem algum jamais teve, mas não gostava de ostentá-la. Era capaz de deixar pasmada a medicina moderna, mas espantosamente rogava às pessoas que ajudava que não contassem à ninguém o que havia feito.
            O mestre da emoção amava passar desapercebido, apreciava ter amigos e não admiradores que o aplaudissem. Aliviava a dor de todos que passaram pelo seu caminho, à exceção de si mesmo.
            Era de se esperar que um homem tão forte pressionasse as pessoas a segui-lo. Mas, nunca impunha suas ideias. Naqueles ares ouvia-se um convite eloquente: "aprendei de mim...".
            Os fortes alimentam a liberdade e os fracos a desnutrem.
            Ele ainda foi contra a lógica social.
            Ele andou na contramão da ansiosa busca pela fama. Seus gestos e seus discursos arrebatadores o tornavam a cada dia mais famoso. Era impossível ocultá-lo. Mas ele procurava o aconchego dos amigos simples e o prazer nas pequenas coisas.
            Podiam ofendê-lo, mas não condenava seus opositores nem fugia do ambiente. Os homens podiam ser seus inimigos, mas ele não tinha inimigo.
            Produzia respostas brilhantes em situações caóticas.Medo não fazia parte do dicionário da sua vida.
            Treinou a emoção dos seus discípulos para que eles aprendessem o que raramente as palavras conseguem explicar.
            Sob seus cuidados, homens sem qualquer qualificação intelectual tornaram-se poetas da vida.

            Investiguei-o dentro da minha área de pesquisa. Analisei atentamente a lógica, coerência e alcances dos seus pensamentos e das suas reações. Analisei minúcias dos seus gestos em várias traduções e que não foram enfatizadas pelos autores originais das sua biografias.
            Fiquei plenamente convicto de que é impossível a mente humana ter criado uma personalidade como a dele. Na minha opinião, as maiores evidências de que ele foi tão real não estão nos achados arqueológicos e nem na existência de manuscritos antigos, mas na colcha de retalhos da sua personalidade.
            Ele reagia com inteligência em situações em que era impossível pensar e revelam quais foram os fatores passíveis de ser investigados que o fizeram uma pessoa saudável, plenamente feliz e segura num ambiente em que tinha todos os motivos para ter depressão e ansiedade.
            Ele não apenas não cabe no imaginário humano, mas atingiu o topo da excelência como o mestre da emoção.
            Que homem é este que não desiste nem de um traidor e que suporta ser negado com paciência? Ele não era um pobre coitado, mas fortíssimo.
            Nunca ninguém respeitou a tal ponto o ser humano.
            Ele queria causar uma revolução na história, uma revolução na alma e no espírito humano.
            Não discutirei a divindade de Cristo, pois ela entra na esfera da fé. Quando a fé se inicia, a ciência se cala.

            O mestre da emoção dormiu diversas vezes ao relento e quase não tinha tempo para descansar. A vida não lhe trouxe regalias, mas sabia fazer muito do pouco.
            Ninguém o ouvia reclamar de qualquer coisa.
            Ele cresceu e viveu num lugar sem inspiração, mas era tão profundo que fazia até poesia da sua miséria. Disse: "As raposas têm os seus covis, as aves do céu têm os seus ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça."
            Ele treinava seus discípulos a ser fortes na dor e protegidos nas intempéries sociais.
            Sabia se doar sem esperar a contrapartida do retorno. Por isso, não conseguia se frustrar nem banir as pessoas de sua história.
             Nós, frequentemente, simulamos alguns comportamentos para não sermos taxados socialmente. Ele treinou seus discípulos a ser seguros, a expressar suas ideias e a não ter medo do que os outros pensassem ou falassem de si.

Uma história que elevou a vida

            Havia um pastor que tinha cem ovelhas num deserto. Ele cuidava delas. Conhecia as características de cada uma. Todos os dias ele as chamava pelo nome e as contava. Certo dia, algo inesperado aconteceu. As suas contas não fecharam, faltou uma. Ele contou apenas noventa e nove. Então, começou a ficar desesperado com inúmeras perguntas: "Onde estará a minha ovelha? O que ela estará fazendo? Será que está faminta? Será que algum lobo a devorou?"
            Atormentado, não conseguia dormir. As noventa e nove faziam companhia para o pastor, mas nada aliviava a sua angústia. Então, pensou: "Vou atrás da que se perdeu." Deixou as noventa e nove nas mãos dos seus amigos e foi atrás da que se perdeu. Desprezou o imenso deserto e os perigos inerentes. Quando o amor é grande, o mundo fica pequeno para encontrarmos quem amamos.
            Saiu a esmo, sem rumo, mas cheio de esperança. O sol queimava seu rosto e as dunas de areia tornavam-se carrascos dos seus pés. À noite, o frio do deserto agredia seu corpo. Passou vales e montanhas e não a encontrava. Mas ele não desistia. A fome triturava as entranhas do seu ser e a sede rachava seus lábios. Contudo, em nenhum momento, pensou em recuar.
            Estava profundamente fatigado. Arrastava os pés no chão. Lembrava-se dos gestos dela e chorava. Os olhos secos e ofuscados quase não enxergavam. Enquanto caminhava, não admitia a ideia de que ela tivesse morrido de sede, fome ou devorada. "Se não vir seu pequeno corpo inerte na areia, não retornarei, pensava."
            Depois de tanto procurar, ergueu mais uma vez seus olhos e, de repente, viu um ponto diferente no horizonte. "É ela, pressentiu." Abatido, reuniu forças para apressar seus passos. Gritou-a de longe e correu em sua direção. Mais uma vez, na terra da fadiga, a esperança floresceu.
            Chegando perto, confirmou, era ela. Viu-a triste, sedenta, faminta, à beira da morte. Ajoelhou-se, deu-lhe toda a água que tinha e a pequena porção de pão. Abraçou-a delicadamente, afagou sua lá desbotada. A ovelha olhava para o pastor sem entender a dimensão do seu afeto.
            Ela não tinha força para caminhar, então, o pastor, embora cansadíssimo, tomou-a nos braços e acomodou-a. A ovelha ia dar alguns gemidos de agradecimento, mas ele colocou a mão sobre sua boca e a silenciou. Queria que ela poupasse a pouca energia que lhe restara.
            Sem água, seus lábios racharam ainda mais e sangraram, mas esquecia-se de si mesmo. Ele arrastava os pés na areia, mas estava alegre. Sua pequena e frágil ovelha reanimou sua alma.
            Era de se esperar que ele retornasse para sua casa e procurasse descanso. Não, ele foi até a aldeia. Com júbilo, chamou seus amigos e parentes para se alegrar com ele. Queria que todos vissem que ele tinha achado sua ovelha perdida. Fez uma festa enorme e incompreensível para quem não conhece a linguagem do amor. Nunca se viu uma fez tão grande por ter-se achado uma ovelha aparentemente tão desprezível.
           
            Vamos analisar esses fenômenos.
            Ele estava com suas ovelhas num deserto. O deserto representa a trajetória da vida humana. No pensamento do Mestre, a vida de cada ser humano, independente se ele tem ou não privilégios sociais, transcorre não num deserto físico, mas emocional, social. Sobreviver no deserto da vida é uma arte.
            Os fariseus estava neste deserto, mas gastavam energia demais criticando, excluindo, diminuindo os outros, Tais atitudes não apenas feriam as pessoas que eles desprezavam, mas aumentava o calor do seu próprio deserto. Para o mestre dos mestres já temos problemas demais para gastar tempo com coisas que não promovem a vida. Encontra um  oásis no imenso deserto de nossas vidas era e ainda é um grande segredo.

            Todo ser humano passa por turbulências em sua vida. Qual miséria é pior: a física ou a psíquica? Se a miséria física não for dramática a ponto de comprometer as condições mínimas de sobrevivência, não há dúvida de que a miséria psíquica é muito pior do que a miséria física.
            O Mestre da vida sabia que as dores geradas no mundo dos pensamentos e das emoções são os fenômenos mais democráticos da humanidade, atingem todo ser humano.
            Ele dizia que  o mal era o que saía da boca do homem e não o que entrava. As piores dores humanas são geradas no cerne da alma.
            A vida nunca é uma reta, mas é curva e sinuosa.
            Ele plantou as sementes do amor e colheu os mais belos frutos da auto-estima. Os que o seguiam e eram treinados por ele nunca mais foram os mesmos. Os miseráveis se sentiam ricos e os ricos se sentiam reis. Os pequenos se sentiam grandes e os grandes se sentiam eternos. Homens que não se conheciam passaram a se amar mutuamente.

            O Mestre da emoção considerou a vida de cada um de nós como a coisa mais importante do universo, independente dos nossos erros, fracassos e dificuldades. Jamais se auto-abandone.
            O Mestre convidava os homens a aprender com ele a navegar nas águas da emoção e a beber de sua felicidade e tranquilidade. O convite partia dele, a decisão de aceitá-lo é nossa.

            Nunca seja passivo em qualquer situação que estiver. Ambicione ser feliz! Sonhe em ser feliz, persista em ser feliz. Almeje ter uma vida tranquila. Treine gerenciar seus pensamentos.
            Que você nunca desista dos outros! Que lhes dê todas as chances necessárias. Que possa ajudá-los a corrigir as rotas de suas vidas, mas, se eles tiverem dificuldades para caminhar, não os condene, carregue-os em seus ombros por algum momento. Se eles não quiserem ser ajudados, aprenda a controlar a sua ansiedade e poupar energia; respeite-os e espere até que eles peçam ajuda.
            Que dos momentos mais difíceis de sua vida você possa escrever os mais belos textos de sua história.
            Que você possa se levantar todas as vezes que tropeçar e continuar sem recuar.
            Que você tenha plena convicção de que ninguém é maior ou menor do que você nesta terra. Que jamais duvide de que, embora tenha diversos defeitos, dificuldades e momentos de insegurança, o universo não seria o mesmo sem você.
            Que você não tenha medo das longas noites que a vida lhe trará. Que possa aguardar sempre o amanhecer, pois o sol não deixa de brilhar para os amigos da paciência.
            Meu desejo é que você honre solenemente o espetáculo da vida e que seus dias sejam felizes mesmo diante de todos os seus desertos...
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